quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008


Pedagogia do Amor


É cada dia mais consenso que a relação ensino/aprendizagem precisa deixar
seu aspecto atacadista e abraçar na medida do possível as singularidades do
educando. Cada ser humano possui suas trilhas de aprendizagem, pois a
história pessoal é única, e esta história aguça sentidos de formas
diferentes, bem como aprimora habilidades e constrói competências.
Parafraseando Paulo Freire, uma aula não pode ser uma roupa de tamanho
único, que serve para todo mundo e não serve para ninguém.
Na Pedagogia do Amor as diferenças em sala de aula não são vistas como
adversidades, e sim como matéria prima para dotar de sentido e sabor os
conteúdos conceituais ministrados. Reconhecer e acolher a diferença não é
nenhuma boa ação, é necessidade vital para a alfabetização do viver em
sociedade. A sabedoria divina fez o ser humano incompleto, nós buscamos
nossa completude no contato com o outro.
A afetividade é a verdadeira essência do ato educativo, por meio dela
reconhecemos o individuo em sua individualidade, e sobretudo criamos uma
ponte baseada em três pilares fundamentais para o desenvolvimento pleno do
educando: Ethos, Pathos e Logos.
Ethos está relacionada a credibilidade de quem fala, pois o discurso não
pode estar dissociado da prática, é preciso viver o que se professa pois as
palavras voam, e as atitudes podem apagar tudo que é escrito no quadro.
Pathos nos remete a paixão, na nossa capacidade intrínseca de tocar
emocionalmente o outro. Um conteúdo não serve apenas para se converter em
questão de prova, antes de tudo deve ser envolvido em uma emoção que nos
seduza, nos deve passar a noção de que com aquilo que estamos aprendendo
teremos mais uma ferramenta para mudar nossa vida e a vida de quem está ao
nosso redor. Logos é conhecimento, preparo, planejamento é o pilar que
condensa toda cultura erudita, e popular que a humanidade está
(re)inventando cotidianamente, mas vale lembrar que este pilar (em sala de
aula) só faz sentido quando articulado aos outros dois supracitados. Quando
esta articulação não acontece a sala de aula é um cemitérios de palavras
mortas e a pratica educativa um ato de necrofilia.
Entre educador e o educando estão dispostos vários filtros ideológicos,
várias resistências, vários traumas que podem (e devem) ser tocados pela
expressão da amorosidade. Pedagogia do Amor não é "paparicar" o educando, é
sim reconhecer nele as singularidades e se permitir aprender com elas. É
fazer da aula o palco para a arte dos encontros, encontros do que sou com o
que eu quero ser, encontro do que eu faço com o que eu gostaria que fizessem
por mim. Freire nos lembra que "Não há educação sem amor. O amor implica
luta contra o egoísmo. Quem não é capaz de amor os seres inacabados não pode
educar. Não há educação imposta, como não há amor imposto. Quem não ama não
compreende o próximo, não o respeita.
Não há educação do medo. Nada se pode temer da educação quando se ama".

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